21.11.07

Regresso




"Ainda não sei se voltei ou se alguma vez cheguei a partir.Quando nos prendemos a algo, que terá por certo um fim, quando o fim chega, há um espaço vazio, entre o estar, o ir e o ficar, uma espécie de sentimento, sem ser sentido conscientemente, entre a alegria, a confusão e a saudade...Trago na pele ainda aquele sol, o pó e o rio, trago na voz as canções e o grito alegre ao acordar, trago nos dedos o toque do verde das árvores, do castanho da terra e o vibrar das cordas de uma guitarra, trago comigo ainda um resto do cheiro daquele ar, tão singular e nos olhos, os teus, o sorriso, o brilho, o mimo...É dificil dizer quando tudo acaba... será no último adeus? Naquele em que já nada nos faz olhar para trás? Será a meio caminho, de regresso, onde deixamos de pensar no caminho percorrido para pensar no caminho ainda por percorrer, ou quando chegamos a casa e a saudade nos mata por dentro sem conseguirmos acordar e mantemos sempre a esperança de ser mais um sonho e que vamos acordar, daqui a pouco, interrompendo o sono com uma alegria imensa em direção ao pequeno almoço, cheio de gente, o cheiro do pão e da cevada servida bem quente em jarros de alumínio...
Será que acaba quando as lágrimas cessam e o sorriso brota por algo que veio ocupar este lugar vazio, quando as paredes vazias se fecham sobre nós e o mundo se encolhe e dobra à força deste sentimento...?
É certo que, eventualmente, tudo acaba... mas como, se nunca conseguimos definir o seu fim?
Cheguei a casa, senti-me perdido e deslocado... desconheço o meu mundo...Já não sei o meu lugar,quero voltar..."

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